terça-feira, 18 de dezembro de 2012

sofrimento às famílias ...

Cada cidadão morto foi sendo incluído nas estatísticas, mas eram pessoas, tinham família, tinham hábitos, faziam planos. Desde o início do ano, 88 policiais militares foram mortos no estado.

Ao longo das semanas em que os assassinatos em São Paulo foram se repetindo, cada vítima acabou entrando em uma lista. Cada cidadão morto foi sendo incluído nas estatísticas, mas eram pessoas, tinham família, tinham hábitos, faziam planos.

Não há carinho que diminua a dor. Josué Manoel do Nascimento trabalhou como garçom por dez anos no mesmo restaurante e foi metralhado dentro do carro, na porta do condomínio onde morava.

“Justiça, eu quero justiça. Eu fiquei com a minha filha de 3 anos, o que eu vou chegar em casa e falar para ela?”, lamenta a viúva, Emídia Nunes Amorim.

“Uma tragédia, uma tragédia sem explicação. É muita brutalidade”, fala a cunhada da vítima, Helena de Amorim.

Uma brutalidade incompreensível também para a mãe de Derick Cerqueira da Silva, Maria Celia Pereira Cerqueira, de 20 anos.

“Revolta, revolta, revolta”, repete ela.

O cobrador de ônibus foi assassinado enquanto conversava com um grupo de amigos de infância.

“Todos honestos, não tinha nenhum envolvido com droga, nenhum envolvido com roubo, ninguém com passagem. Todos com carteira registrada. Derick era um menino. Cresceu, tem 20 anos, está casado, agora vai nascer o filhinho dele, mas ele continua um menino”, diz a mãe de Derick.

O amigo de Derick, Márcio, trabalhava em uma gráfica e fazia entregas de pizza.

“Agora é fácil para quem está com a arma na mão falar para 5 jovens "deita pra morrer, certo?" Eles estão desarmados.”, conta a mãe de Márcio, Neiva Maria Rodrigues de Lima.

As vítimas da violência em São Paulo não são apenas cidadãos comuns. Os policiais também estão nas ruas e expostos. Muitos moram nos mesmos bairros onde acontecem os confrontos. E, quando um se torna alvo da ação dos bandidos, também deixa para trás família e muito sofrimento.

Desde o início do ano, 88 policiais militares foram mortos no estado. Um deles foi Joel Juvêncio da Silva, de 44 anos. Ele foi assassinado na frente da filha de 2 anos de idade, quando saía da igreja.

“Eles não mataram um policial militar, mataram um pai de família, mataram um esposo, destruíram a minha família”, lamenta a mulher.

A mulher dele não sabe como vai sustentar a família, mas a maior preocupação, nesse momento, é com a criança. Ela ainda acorda de noite gritando, pedindo socorro. Mas, durante o dia, não quer falar do pai. Mesmo assim a mãe insiste, conforta. Tenta convencer a filha, e a si mesma, de que vai ficar tudo bem.

“Um dia a gente vai encontrar ele de novo com o papai do céu”, diz ela à filha.